domingo, 30 de novembro de 2014

Parto normal ou cesariana: o que escolher?





A descoberta de uma gravidez envolve um misto de emoções e preocupações, desde o que se pode ou não pode fazer estando grávida, a decoração do quarto, o chá de bebê, e... O parto. Assustador para algumas mulheres, a ideia de ter um bebê envolve muitas dúvidas e medos, e o maior responsável por todo este estado de tensão que a futura mamãe sofre vem pela falta de informação, ou pelo excesso de opiniões erradas que se ouve de pessoas mais “experientes”. Enfim, todos querem ajudar neste momento, então vamos tentar esclarecer este dilema. Parto normal ou cesárea, o que será melhor para mim?

Estamos passando por um movimento em relação à forma de nascer que atinge diversas partes do mundo. Durante anos o parto foi visto como um procedimento médico, cheio de intervenções, incluindo anestesias, medicações, cortes, internação entre outros procedimentos hospitalares. O que se está discutindo é até que ponto esta forma hospitalar e intervencionista é necessária; assim, o parto está voltando a ser encarado como deve ser: um processo normal e fisiológico. Claro que existem situações de risco onde se fará uso de todo aparato para que o nascimento aconteça preservando a vida da mãe e do bebê; portanto a avaliação da gravidez por um profissional de saúde será de grande importância nesta escolha.

Cesariana

É um procedimento cirúrgico realizado para alívio de condições maternas ou fetais, quando há riscos para a mãe, o feto, ou ambos, durante o trabalho de parto e em algumas situações específicas. Quando realizado respeitando as necessidades dos envolvidos, ele é de grande importância na manutenção da vida e saúde da mãe e do feto. Para este procedimento há indicações absolutas e relativas, que vão depender da avaliação do profissional que estará fazendo seu acompanhamento. Em relação a isso, muitas vezes há indicações desnecessárias, como por exemplo, em situações de feto grande, cesáreas anteriores, circular de cordão, entre outras. Estas devem ser avaliadas, pois dependendo do grau do problema a realização da cesariana só aumentará os riscos no nascimento. Vale ressaltar que cirurgias cesarianas não são procedimentos isentos de complicações, tanto para a mãe, quanto para o bebê, por se tratar de uma cirurgia.

Como complicações deste procedimento podemos citar: 

· Para a mãe: hemorragias, infecções, embolia pulmonar e reações indesejáveis à anestesia. 

· Para o bebê: dificuldade respiratória e prematuridade provocada quando programada, por ser agendada para antes do tempo normal de nascimento.

· Para os dois: interfere no estabelecimento do vínculo e início da amamentação.

Segundo últimos dados da Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS), dos mais de 2,9 milhões de partos que acontecem no Brasil, 521 mil são realizados na rede privada. Apesar de a incidência de cesariana ainda ser alta no Sistema Único de Saúde, que é de 40%, é na rede privada que a situação é mais crítica: 84,6%. A média do país é de 55,6%. A taxa de cesariana recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%. Estas altas taxas de cesariana, principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, são preocupantes, e é considerado um grave problema de saúde pública.

Algumas pesquisas mostram ainda que o conceito de que a principal causa do aumento da taxa de cesárea é o respeito ao desejo das mulheres, não tem sustentação na opinião declarada pelas mulheres. Uma melhor comunicação entre médicos e mulheres grávidas talvez possa contribuir para a melhoria da situação atual. O que se observa é que por muitos anos a cesariana tem sido incentivada pelos próprios profissionais médicos apenas pela conveniência de ser mais rápido, além do maior domínio da técnica da cirurgia cesariana em relação às dificuldades que podem aparecer num parto normal. Outro fator que vem ocorrendo é a pouca valorização da autonomia da mulher e da família na tomada de decisão sobre o parto.

A mulher e a família como foco de atenção

A assistência ao nascimento não deve ser voltada para satisfazer os interesses do serviço e da equipe, mas sim aos interesses da mulher e sua família. No momento de escolha de que forma seu filho irá nascer, a mulher tem sido desencorajada a escolher o parto normal. Há diversos medos e mitos acerca deste tema, como a dor, por exemplo. Outro fator é o preconceito, pois por muitos anos o parto normal foi visto como falta de escolha, e que só mulheres menos favorecidas financeiramente teriam esta experiência. Mas contrário a isto, há um movimento a favor desta prática, liderada por países desenvolvidos e pessoas influentes, que vem adquirindo conhecimento sobre os benefícios do parto natural e expondo suas experiências na mídia, desmistificando esta afirmação de que parto bom é o agendado e programado, respeitando assim a natureza e fisiologia que este momento merece. 

A mulher e a família devem receber apoio constante da equipe de saúde, e suas angústias e questionamentos devem ser esclarecidos com uma linguagem clara e acessível. Todos os procedimentos a serem realizados devem ser explicados e a mulher deve sentir que os mesmos são realmente necessários e que poderão contribuir para um bom resultado tanto para ela quanto para o seu bebê.

O parto normal – e natural

Neste, quando realizado de acordo com o que é estipulado pelo Ministério da Saúde, tudo começa pelo local do nascimento, que não pode ser um ambiente hostil, com rotinas rígidas; pode ser num hospital, casa de parto ou em casa, estes últimos se de baixo risco, sempre que ali se tenham os profissionais habilitados para o realizarem – enfermeiro obstetra ou cirurgião obstetra – entre outros profissionais que acompanharão todo o processo. A mulher terá o direito de expressar livremente seus sentimentos e necessidades. Ela deve se sentir segura e protegida, e ter a presença de uma pessoa ao seu lado, qualquer um que ela escolher, de acordo com a lei nº 11.108, de sete de abril de 2005, em que os serviços de saúde ficam obrigados a permitir a presença, junto à gestante, de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. 

A mulher tem controle do seu corpo e será a protagonista deste momento. Será realizado com o mínimo de intervenções possíveis. Durante o trabalho de parto, a mulher é orientada em realizar as técnicas de alívio da dor, e ela tem a liberdade de se movimentar e encontrar as posições que lhe ajudem a ficar mais confortável.

Também se evita a separação mãe-filho por qualquer momento desde o nascimento até a alta, e é incentivada a amamentação na primeira hora de vida do bebê, assim, estimulando ainda mais este vínculo.

Contudo, o principal é que a escolha seja legítima, embasada em verdades e respeitando a autonomia da mulher e a necessidade do momento. O nascimento deve ser humanizado, que mesmo na necessidade de uma cirurgia cesariana deve ser respeitado, com tratamento digno para mãe, filho e toda a família, visando a saúde e bem estar de todos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Tenho uma anomalia uterina, o que fazer?



Bom, para entendermos melhor sobre o assunto, vou aqui explicar um pouco de como é o nosso útero.

Como ele é?



É um órgão do sistema reprodutor feminino, é oco e tem um formato de pêra invertida, em que a parte mais larga e superior chamamos de fundo de útero, que se conecta com as tubas uterinas na sua parte superior, e a parte inferior e mais estreita chamamos de colo uterino, que possui um pequeno orifício e se liga a vagina. Ele é formado por várias camadas, em que a parte de dentro é formada pelo endométrio que descama a cada ciclo menstrual, e essa é coberta pelo miométrio, que é a parte muscular. Além dessas temos mais duas camadas recobrindo o útero.

Quais são suas funções?

A sua principal função é receber o embrião, que irá se implantar no endométrio. Assim, o útero irá se preparar para manter as condições ideais para o desenvolvimento do feto até o nascimento. Também será essencial para a expulsão do feto, através de suas contrações.


Existem, porém, mulheres que tem o formato do útero diferente do explicado acima. Muitas vezes elas tem a alteração e não sabem. Vamos entender as principais anomalias uterinas.



Útero bicorno (útero com dois "chifres"): é o mais comum. Em vez de parecer uma pêra invertida, ele tem o formato de um coração, com uma separação no meio na parte de cima. O bebê fica com menos espaço para crescer do que no útero normal. 




Útero unicorno (útero com um "chifre"): O tecido que forma o útero não se desenvolve direito na mulher, e o órgão tem apenas metade do tamanho do normal. Além disso, só há uma tuba uterina, em vez de duas. Apesar disso, na maioria dos casos a mulher tem dois ovários.



Útero duplo ou didelfo: É quando o útero tem duas cavidades internas, sendo que cada uma delas pode levar a um colo do útero e a uma vagina. A mulher pode assim ter duas vaginas. 



Útero septado: a cavidade interna do útero é dividida por uma parede, chamada septo. O septo pode ir só até metade do caminho ou chegar até o colo do útero. 


Também ocorrem mudanças na posição do útero, que quando são pequenas não alteram a fertilidade e não causam nenhum incômodo. 

Entre as anomalias de posição, destacam-se a anteposição e a retroposição, quando o útero se encontra respectivamente mais à frente e mais atrás do que o normal.

Existem também as anomalias da inclinação do útero, em que as mais comuns são a anteversão e a retroversão, quando o eixo do útero se encontra deslocado para frente ou para trás em relação ao eixo da vagina.

Entre as anomalias da flexão do útero, as mais significativas são a anteflexão e a retroflexão, quando o corpo do útero se encontra curvado para frente e para trás, respectivamente, em relação ao colo uterino.



Quais são as causas dessas anomalias?

Pode ter origem congênita como também provocadas por rupturas no momento do parto, traumatismos e infecções.

O que posso ter como consequências?

Mulheres que apresentem alguma dessas anomalias em geral podem não ter sinais ou sintomas. Em outros casos podem apresentar dores em baixo ventre, nas costas, durante as relações sexuais e um maior desconforto no período menstrual. 

Posso ficar infértil?

Em geral a mulher não fica infértil, porém, dependendo da anomalia ela pode apresentar uma dificuldade maior para engravidar, pois há casos em que se há só uma trompa, e como outras em que há um espaço menor para o desenvolvimento do feto.

O importante é manter um acompanhamento ginecológico para se detectar essas alterações antes de uma gravidez. Existem intervenções que podem fazer a mulher ter mais facilidade para engravidar, como tratamentos hormonais, assim como intervenções cirúrgicas, que facilitarão não só a fertilidade como fará a mulher manter uma gestação sem problemas. E em muitos casos, não há necessidade de intervenção alguma, somente um acompanhamento cuidadoso durante o pré-natal.


Portanto, sempre que sentir algo diferente, alguma dor ou sangramento fora do normal, procure seu ginecologista para detectar o que há de errado e tratar da forma correta, evitando futuros transtornos a sua saúde sexual e reprodutiva.