quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Trombofilia e gestação

Tratamento concluído com sucesso após 182 injeções de Clexane 40mg

Ainda pouco divulgada, a trombofilia associada a gestação é uma importante causa de morbimortalidade materna e fetal.

Segundo o Ministério da Saúde, a trombofilia é definida como tendência à trombose. Classicamente, a trombofilia é dividida em adquirida, representada principalmente pela síndrome antifosfolípide (SAF), e hereditária. São indicações para investigação a ocorrência passada ou recente de qualquer evento trombótico, aborto recorrente, óbito fetal, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta e restrição de crescimento fetal grave, além de história familiar. A gestação, muitas vezes, é a única oportunidade para a investigação destes fatores. A identificação dos mesmos e seu tratamento podem mudar drasticamente tanto o resultado da gestação e qualidade de vida da mulher em idades mais avançadas.

Trombofilia Adquirida ou Síndrome Antifosfolípide

A SAF caracteriza-se pela presença de um ou mais anticorpos antifosfolípides (anticorpo anticardiolipina, anticoagulante lúpico, antibeta2 glicoproteína I), positivos em dois exames, com intervalo mínimo de doze semanas entre eles, associados a pelo menos um dos seguintes critérios clínicos:

• um ou mais episódio de trombose venosa ou arterial.
• morbidade obstétrica: 
- três abortamentos precoces inexplicados; 
- óbito fetal com mais de dez semanas;
- parto prematuro antes de 34 semanas com pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou insuficiência  placentária.

Trombofilia hereditária

Decorre da presença de mutações em fatores envolvidos com a coagulação, que levam à tendência de trombose. As manifestações clínicas são similares àquelas da trombofilia  adquirida.
Os principais fatores de trombofilia hereditária são: de ciência das proteínas C, S e antitrombina, fator V de Leiden, mutação G20210A no gene da protrombina (fator II da coagulação) e mutação C677T no gene da enzima metileno tetrahidrofolato redutase (MTHFR).

Tratamento para SAF e trombofilia hereditária

Anticoagulação profilática

As gestantes com síndrome antifosfolípide ou trombofilia hereditária devem receber profilaxia, que deve ser iniciada, preferencialmente, na segunda fase do ciclo menstrual de possível concepção, e mantida caso a gestação aconteça. Se a gestação ocorrer na ausência da profilaxia, ela deve ser iniciada o mais precocemente possível. 
As portadoras de mutação C677T-MTHFR podem ser abordadas pela suplementação de ácido fólico e vitamina B6 antes da gravidez.
A aspirina, utilizada de forma isolada, é reservada para as mulheres portadoras  de anticorpo anticardiolipina, desde que haja antecedente clínico  ou obstétrico. A dose preconizada é 80 a 100mg por dia via oral. 

Dificuldades de diagnóstico e tratamento 

Tanto os exames para diagnosticar a trombofilia quanto o tratamento com as injeções de anticoagulante são de alto custo, o que provavelmente é a causa de não ser incluído na rotina de exames pré-natais, assim a maioria das mulheres descobrem a condição depois de consecutivas e dolorosas perdas fetais, muitas vezes tardias, já no final da gestação. 
Quando se tem a certeza do problema, outro desafio é conseguir as injeções. 
Para essas mulheres, o ideal é recorrer ao advogado de confiança ou defensoria pública de sua localidade para fornecimento gratuito, seja pelo SUS ou pelo plano de saúde conveniado.

Outra dificuldade é o manejo do tratamento, que é doloroso por ser em geral através de injeções subcutânea diárias de anticoagulante, o que causa muitas vezes dor e hematomas. Abaixo um vídeo mostrando como minimizar esses incômodos , assim como a demonstração da correta aplicação do medicamento ⬇

https://youtu.be/o9w7U5nJnQI

Por ser um problema não muito divulgado, muitos profissionais ainda tem conduta insegura diante dos casos, e diferem de opinião, deixando ainda mais angustiada a futura mamãe . É importante obter opiniões diversas de vários profissionais, em geral obstetras e hematologistas, para maior segurança e tranquilidade.

Por mais que seja cansativa toda rotina de exames e tratamento, tente vivenciar a gestação com trombofilia da melhor maneira possível, aproveitando cada momento e encorajando outras mães que estão passando pelo mesmo diagnóstico. Juntas podemos manter uma boa rede de apoio, compartilhando nossas experiências e mostrando que é possível realizar o sonho da maternidade.

Na foto: Meu filho Samuel, com 3 meses de vida. Trombofilia hereditária portadora de mutação C677T-MTHFR, homozigoze.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Dicas e desafios da alimentação dos bebês



A chegada de um bebê na família gera uma infinidade de inseguranças: saúde, higiene, vacinas, e alimentação. A alimentação e nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento e desenvolvimento de todas as crianças, então vamos entender melhor o que se deve ou não fazer em relação à forma de oferecer alimentos à criança a partir do nascimento.

O Ministério da Saúde elaborou um Guia Alimentar que traz orientações de como proceder para prevenção e redução dos riscos e problemas detectados e à promoção de uma dieta saudável, e elaborou um conjunto de recomendações apresentadas em “Os dez passos para a alimentação saudável”:

Passo 1 - Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. 

Passo 2 - A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. 

Passo 3 - A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. 

Passo 4 - A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. 

Passo 5 - A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês), e gradativamente aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família. 

Passo 6 - Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. 

Passo 7 - Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 

Passo 8 - Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. 

Passo 9 - Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados. 

Passo 10 - Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

Amamentação

Já é sabido que a amamentação é essencial para a saúde da criança. São inúmeras as vantagens da amamentação, especialmente nos primeiros meses de vida. Quanto mais a criança mamar no peito, mais protegida estará. 

Dentre os benefícios que a amamentação trás para o bebê podemos citar: evita mortes infantis por infecções, evita diarreia, diminui o risco de alergias, diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, reduz a chance de obesidade, efeito positivo na inteligência (melhor desenvolvimento cognitivo), melhor desenvolvimento da cavidade bucal (alinhamento correto dos dentes e melhor oclusão dentária), diminui episódios de prisão de ventre, entre outros.

Já para a mãe, há a diminuição do sangramento pós-parto, proteção contra câncer de mama e de ovário, ela perde mais rápido o peso que ganhou na gravidez, faz o útero voltar mais rápido ao tamanho normal, e ainda promove o vínculo afetivo entre mãe e filho.

Introdução alimentar

O Ministério da Saúde indica as papas amassadas no início da introdução, e em pedaços para comer com as mãos depois que a criança já estiver adaptada. É importante oferecer diferentes consistências para o bebê. 

Uma novidade é o método BLW (do inglês baby-led weaning), que consiste em deixar alimentos cortados ao alcance da criança, que se serve da maneira que quiser. Desde que se popularizou, ele vem causando polêmica. Os estudos se dividem entre os que apontamos ganhos dessa autonomia e os que dizem não haver vantagem nutricional no método.

Seja o exemplo

O seu filho vai aprender a comer ao observar a rotina da família. Por isso é importante que desde o início da introdução alimentar, ele se sente à mesa e consuma os mesmos alimentos que os pais (de preferência com as devidas adaptações de consistência). Evite o uso de TV, celulares e outros eletrônicos neste momento, para não haver distrações e comprometimento da alimentação.


terça-feira, 12 de setembro de 2017

Infertilidade e o uso da Fitoterapia





Quando um casal toma a decisão de se tornarem pais, seja pela primeira vez ou já tendo filhos, por vezes os planos de aumentar a família pode demorar mais que o esperado. O medo e a ansiedade tomam conta, atrapalhando ainda mais a concepção. Nestas horas muitas pessoas recorrem a várias técnicas e tratamentos alternativos. 

O que é infertilidade?

Segundo o Ministério da Saúde, infertilidade é a dificuldade de um casal obter gravidez no período de um ano tendo relações sexuais frequentemente sem uso de nenhuma forma de anticoncepção.

As causas podem ser muitas, sendo as femininas mais comuns: Idade avançada da mulher; dificuldades na ovulação; disfunções hormonais; causas tubárias e do canal endocervical, geralmente provocada pela endometriose ou infecções pélvicas; e causas ambientais, como exposição a fatores de risco (raios X, radiações, medicamentos tóxicos); 

Já como causas masculinas as mais comuns são: Fatores genéticos; fatores hormonais; infecções; varicocele (varizes no testículo); e outros fatores ambientais de exposição, como radioterapia, quimioterapia, doenças neurológicas, diabetes, traumas testiculares, drogas e doenças sexualmente transmissíveis.

O que é fitoterapia?

A fitoterapia é a prevenção e o tratamento de doenças mediante o uso de plantas (Ferreira, 1999). Phyton, em grego, quer dizer “planta” e therapeia significa “tratar, cuidar”. Segundo a portaria 971, de 03/05/2006, do Ministério da Saúde, a fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.

O uso das ervas medicinais nos problemas de Infertilidade é muito antigo. Podemos encontrar na bíblia, a história de Rachel e Leah, em que Rachel tentava engravidar por muitos anos e estava cada dia mais desesperada por não conseguir. Ela se lamentava com o marido – “Dê-me um filho, do contrário eu morrerei!” (Gênesis 30:1). Até que usou mandrágoras e conseguiu engravidar. 

O problema é quando o casal acaba recorrendo à terapia sem o auxílio profissional, através de conselhos, na internet, entre outros. Apesar dos riscos, casais usam esse tipo de medicamento sem indicação profissional, em diversas preparações, como as conhecidas "garrafadas", como são chamadas as misturas de plantas, preparadas muitas vezes de forma precária, sem condições de higiene e sem respaldo científico, podendo ser extremamente perigoso.

Os remédios naturais, como os fitoterápicos, devem ser tratados com o mesmo cuidado que qualquer remédio tradicional. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fitoterápicos são “medicamentos obtidos empregando-se como princípio ativo exclusivamente derivados de drogas vegetais”. Portanto, quando usadas de modo indevido ou mal preparadas, essas substâncias podem trazer muitos prejuízos à saúde. Os medicamentos fitoterápicos precisam seguir todas as regras de produção, assim como qualquer outro medicamento, passando pelas fases de registro, de comprovação de resultados e provar que não há efeitos colaterais significativos.

Segundo a professora Fátima Nascimento*, Enfermeira Obstetra Fitoterapeuta – que mantém um canal no site YouTube de orientação às mulheres sobre saúde da mulher e materno-infantil – “é necessário que a mulher conheça o funcionamento do seu corpo e seu ciclo”, assim ela orienta em suas consultas, aliando o auto-conhecimento, avaliação geral e por fim a prescrição de fitoterápicos de acordo com a necessidade do casal.

Recomenda-se que casais, que pretendem fazer um tratamento natural para a fertilização, iniciem, antes de tomar a medicação recomendada, uma dieta alimentar saudável e melhorar o estilo de vida, como praticar atividades físicas sob supervisão profissional, para melhor funcionamento do organismo e impacto positivo da terapia.

Outro ponto fundamental é o casal investigar com o especialista a causa da infertilidade, realizar os exames necessários para se ter o diagnóstico do problema.

A Fitoterapia é uma ótima opção de tratamento complementar, mas deve ser receitada por profissionais que tenham experiência na sua utilização. O fato de serem produtos naturais não os isenta de causarem efeitos colaterais indesejados.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Campanha Outubro Rosa: Cuide-se!




Estamos no final do mês de outubro, e muitas pessoas já devem ter se atentando que neste mês alguns locais de comércio, turismo, entre outros, ganham um charme especial: a iluminação rosa. O nome do movimento, “Outubro Rosa”, remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades.

Esta cor feminina entra em destaque como um alerta. De acordo com o INCA - Instituto Nacional de Câncer - É o tipo de câncer mais frequente na mulher brasileira e segundo tipo mais frequente no mundo.

Com esta campanha, espera-se que com as ações promovidas, principalmente pelo Ministério da Saúde, se estimule a prevenção pelo diagnóstico precoce.


O que é câncer de mama?


Nesta doença, ocorre um desenvolvimento anormal das células da mama, que se multiplicam repetidamente até formarem um tumor maligno.


Como a mulher pode perceber a doença?


O sintoma do câncer de mama mais fácil de ser percebido pela mulher é um caroço no seio, acompanhado ou não de dor. A pele da mama pode ficar parecida com uma casca de laranja; também podem aparecer pequenos caroços embaixo do braço. Deve-se lembrar que nem todo caroço é um câncer de mama, por isso é importante consultar um profissional de saúde.


Como descobrir a doença mais cedo?


Toda mulher com 40 anos ou mais de idade deve procurar um ambulatório, centro ou posto de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente, além disso, toda mulher, entre 50 e 69 anos deve fazer pelo menos uma mamografia a cada dois anos. O serviço de saúde deve ser procurado mesmo que não haja sintomas.


O que é o exame clínico das mamas?


É o exame das mamas realizado por médico ou enfermeiro treinado para essa atividade. Neste exame poderão ser identificadas alterações nas mesmas. Se for necessário, será indicado um exame mais específico, como a mamografia.


O que é mamografia?


É um exame muito simples que consiste em um raio-X da mama e permite descobrir o câncer quando o tumor ainda é bem pequeno, na fase inicial da doença. É realizada em um aparelho apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e suportável.


O que pode aumentar o risco de ter câncer de mama?


Se uma pessoa da família – principalmente a mãe, irmã ou filha – teve essa doença antes dos 50 anos de idade, a mulher tem mais chances de ter um câncer de mama. Quem já teve câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, também deve ficar atenta. As mulheres com maior risco de ter o câncer de mama devem tomar cuidados especiais, fazendo, a partir dos 35 anos de idade, além do exame clínico das mamas, também a mamografia, uma vez por ano.

Porém, mulheres que não possuem casos na família não podem descartar a possibilidade de desenvolver a doença.


O auto-exame previne a doença?


O exame das mamas realizado pela própria mulher, apalpando os seios, ajuda no conhecimento do próprio corpo, entretanto, esse exame não substitui o exame clínico das mamas realizado por um profissional de saúde treinado. Caso a mulher observe alguma alteração deve procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo de sua residência. Mesmo que não encontre nenhuma alteração no auto-exame, as mamas devem ser examinadas uma vez por ano por um profissional de saúde.


O que mais a mulher pode fazer para se cuidar?


Ter uma alimentação saudável e equilibrada, com frutas, legumes e verduras, praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e não fumar. Essas são algumas dicas que podem ajudar na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer.



quinta-feira, 16 de junho de 2016

O sol como aliado no combate a deficiência de vitamina D





Muitas pessoas acabam por aproveitar do sol nas épocas de verão, em dias de praia, planejando suas férias... Mas será que podemos nos beneficiar do sol somente neste momento, como atividade de recreação?

Em nossa rotina corrida, quase não lembramos o quanto é importante nos expor ao sol para benefício de nossa saúde. Criamos mecanismos de adaptação a tudo, e deixamos de aproveitar o que cada estação do ano nos oferece. Não sentimos a diferença de dias mais longos ou mais curtos durante o ano, pois nós acendemos a luz. Se está frio, ligamos o aquecedor; e quando está quente, ligamos o ar condicionado. Assim, vivemos cada vez mais isolados do sol, em ambientes fechados, como no trabalho, dentro de automóveis, ônibus, metrôs e trens, e dentro de nossa casa.

Deixamos de ter atividades ao ar livre, seja em qualquer idade. As crianças de hoje permanecem grande parte do tempo dentro de creches, escolas, fixadas em aparelhos eletrônicos, como televisores, celulares e tablets. Adultos, por sua vez, cada vez mais sedentários, vivendo quase que em confinamento, entre escritórios, salas de aula, e novamente escravos dos aparelhos eletrônicos.

De certo que há um tempo as pessoas criaram um bloqueio quanto à exposição solar, com os mais diversos argumentos de que o sol poderia nos causar muitos problemas de saúde, dos mais graves como câncer de pele, até os de origem estética, como o envelhecimento precoce da pele. Nos tornamos dependentes de protetores solares em qualquer situação, hora e lugar. Mas será que todo esse cuidado é necessário?

Sim, precisamos nos proteger da exposição em excesso, dos horários de pico de radiação solar, mas precisamos nos expor mais e de forma segura.

O sol não é um vilão, e sim um dos maiores protetores da pele e de todo o organismo, através da vitamina D. E a vitamina D é fabricada na nossa pele a partir da penetração dos raios ultravioleta B do sol.

Os raios ultravioleta B, que se transformam em vitamina D, são bloqueados de penetrar na pele pelos protetores e bloqueadores solares. 

Problema de saúde pública

A hipovitaminose D é altamente prevalente e constitui um problema de saúde pública em todo o mundo. Estudos mostram uma elevada prevalência dessa doença em várias regiões geográficas, incluindo o Brasil.

A importância da vitamina D

Responsável por metabolizar o cálcio e o fósforo no nosso organismo, a vitamina D é essencial para a saúde dos ossos. De acordo com o Ministério da Saúde, 80% da necessidade diária pode ser adquirida pela exposição diária ao sol. Mas alimentos como leite integral, fígado e peixes de águas profundas como salmão e atum, também são fontes de vitamina D.

A vitamina D é importante para o bom funcionamento do nosso organismo, para a regulação do sistema imunológico, que é nosso sistema de defesa, e ela faz parte de todo um processo de tratamento e prevenção, inclusive, de doenças autoimunes, como artrite reumatoide e a esclerose múltipla.

Pesquisas científicas indicam que a deficiência de vitamina D possui influência na causa de diversos tipos de câncer, além de doenças cardíacas, derrame, diabetes, pressão alta, depressão e dor crônica. 

Isso não significa que a única causa dessas doenças seja a deficiência da Vitamina D, mas que as múltiplas influências da Vitamina D na saúde não podem ser ignoradas.

Você já mediu seus níveis de vitamina D?

Se você acha que se enquadra numa população de risco, que tem pouca exposição solar, está na menopausa e pré-menopausa, ou se está na dúvida se pode ter hipovitaminose D, solicite ao seu médico que lhe peça o exame de dosagem de vitamina D no sangue.

Qual a melhor forma de absorver vitamina D?

O Sol, com seus raios ultravioleta B, é nossa melhor e mais segura fonte de vitamina D. Especialmente no Brasil, onde ele brilha na maior parte do ano. Aqui não possuímos fontes abundantes de alimentos que possuem de vitamina D. 

Posso tomar suplementos de vitamina D por conta própria?

A reposição de vitamina D a partir de suplementos em forma de comprimidos ou cápsulas deve ser feito apenas em casos excepcionais, por prescrição de um médico, pois o excesso de vitamina D pode ser altamente prejudicial à saúde. 

O que é recomendável?

Para garantir a ingestão diária de vitamina D, o Ministério da Saúde recomenda, além de consumir alimentos como leite, fígado e peixe, garantir a exposição solar de quinze a vinte minutos pelo menos três vezes por semana, sem protetor solar, até às dez da manhã ou após as quatro da tarde. 

Em relação aos bebês, o leite materno é pobre em vitamina D, e a pele do bebê é delicada. Não o deixe confinado dentro de casa, exponha-o ao sol nos horários apropriados – até dez da manhã ou depois de quatro da tarde – e por pouco tempo, média de cinco minutos, com o corpo todo exposto diretamente ao sol, protegendo apenas rosto e olhos com chapéu, por exemplo.

A complementação das necessidades diárias, assim como o tratamento da deficiência, deve ser realizada para indivíduos com risco para hipovitaminose D e naqueles com contraindicação clínica para exposição solar, como no câncer de pele, transplantados ou no lúpus.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Violência contra a mulher: Precisamos falar sobre isso.






Com toda a repercussão do caso de estupro coletivo a uma adolescente de dezesseis anos, no município do Rio de Janeiro, muito ainda se tem a falar sobre o tema. Esse foi um dos inúmeros casos de violência contra a mulher que acontece no Brasil, e, infelizmente, ainda ouvimos discursos de uma parcela da sociedade com comportamentos duvidosos, como alguns que transformaram o vídeo do crime como uma verdadeira atração a ser compartilhada nas redes sociais, outros que culparam a própria vítima pelo ocorrido, e também teve outra parcela que diz que o caso não nem a ver com a sua vida e sua rotina, pois aconteceu em uma “outra realidade” e preferiram se calar. 

Por que não podemos nos calar?

Porque esse problema é seu, é meu, é de todos. Porque pode acontecer com qualquer uma, em qualquer lugar, em qualquer situação. Você pode estar sozinha, ou acompanhada, e mesmo assim ser uma vítima em potencial. Porque temos que dar um basta na já tão falada “cultura do estupro”, que é, resumidamente, minimizar o estupro e culpar as vítimas pelo ato.

O que os dados mostram:

Segundo dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) a partir dos dados recebidos pelo Ligue 180, o Brasil registrou nos dez primeiros meses do ano passado, 63.090 denúncias de violência contra a mulher – o que corresponde a um relato a cada 7 minutos no país. 

A mesma fonte também registrou 19.182 denúncias de violência psicológica, 4.627 de violência moral, 3064 de violência sexual e 3.071 de cárcere privado. 

Os dados mostram ainda que, entre os relatos de violência, 85,85% corresponderam a situações em ambiente doméstico e familiar. Na maioria dos casos foram cometidos por homens com as quais vítimas tinham ou tiveram algum vínculo afetivo, como cônjuges, namorados, ex-cônjuges ou ex-namorados. Em 27% dos casos o agressor era um familiar, amigo, vizinho ou conhecido.

Legislação

A Lei Maria da Penha - Lei nº 11.340/2006 - é a principal legislação brasileira para enfrentar a violência contra a mulher. A norma é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência de gênero.

Além da Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio, sancionada em 2015, colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses casos.

Mais recentemente, o atual presidente Michel Temer anunciou a criação um departamento na Polícia Federal para combater a violência à mulher, em que irá agrupar informações estaduais e coordenar ações em todo país. 

Mas o que é violência contra a mulher?

Segundo dados oficiais do governo, o que poucos sabem é que a violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro. A Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica.

Conheça algumas formas de agressões que são consideradas violência doméstica no Brasil:

- Humilhar e diminuir a autoestima - Agressões como humilhação, desvalorização moral ou deboche público em relação à mulher constam como tipos de violência emocional.

- Tirar a liberdade de crença - Um homem não pode restringir a ação, a decisão ou a crença de uma mulher. Isso também é considerado como uma forma de violência psicológica.

- Fazer a mulher achar que está ficando louca - Há inclusive um nome para isso: o gaslighting. Uma forma de abuso mental que consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a sua memória e sanidade.

- Controlar e oprimir a mulher - Aqui o que conta é o comportamento obsessivo do homem sobre a mulher, como querer controlar o que ela faz, não deixá-la sair, isolar sua família e amigos ou procurar mensagens no celular ou e-mail.

- Expor a vida íntima - Falar sobre a vida do casal para outros é considerado uma forma de violência moral, como por exemplo, vazar fotos íntimas nas redes sociais como forma de vingança.

- Atirar objetos, sacudir e apertar os braços - Nem toda violência física é o espancamento. São considerados também como abuso físico a tentativa de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar com força uma mulher.

- Forçar atos sexuais desconfortáveis - Não é só forçar o sexo que consta como violência sexual. Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches, também é violência.

- Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar - O ato de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da violência sexual. Da mesma forma, obrigar uma mulher a abortar também é outra forma de abuso.

- Controlar o dinheiro ou reter documentos - Se o homem tenta controlar, guardar ou tirar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar documentos pessoais da mulher, isso é considerado uma forma de violência patrimonial.

- Quebrar objetos da mulher - Outra forma de violência ao patrimônio da mulher é causar danos de propósito a objetos dela, ou objetos que ela goste.

Como agir?

A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 - é um serviço de atendimento telefônico que recebe denúncias de maus-tratos contra as mulheres, oferecido pela a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Para entrar em contato com a central, basta ligar gratuitamente para 180 de qualquer telefone (móvel ou fixo, particular ou público). O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados.