O que está acontecendo?
Segundo dados do Ministério da Saúde, até o momento, foram notificados 1.248 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 311 municípios. O estado de Pernambuco registra o maior número de casos (646), sendo o primeiro a identificar aumento de microcefalia em sua região. Em seguida, estão os estados de Paraíba (248), Rio Grande do Norte (79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12) Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1). Entre o total de casos, foram notificados sete óbitos. Um recém-nascido do Ceará, com diagnóstico de microcefalia e outras malformações congênitas por meio de ultrassonografia, teve resultado positivo para vírus Zika. Outros cinco no Rio Grande do Norte e um no Piauí estão em investigação para definir causa da morte.
Qual é a relação entre o Zika vírus e a microcefalia?
O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia. Essa é uma situação inédita no mundo. As investigações continuam para esclarecer questões como: a transmissão, o efeito no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Inicialmente, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.
O que é microcefalia?
A microcefalia não é um problema novo, mas era raro até o momento. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com a circunferência do crânio menor, que normalmente é igual ou maior que 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como causas genéticas, passadas dos pais para o filho, como também por uso de drogas, álcool ou outros produtos tóxicos durante a gestação, radiação, além de possíveis infecções que atinjam o bebê durante a gestação.
Crianças que nascem com essa má formação podem ter complicações no desenvolvimento da fala, motora e quadros de convulsão.
Zika vírus, o que é?
Doença viral aguda, transmitida por meio da picada de mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue. Por esse motivo, as medidas de prevenção e controle são as mesmas já adotadas para a dengue e chikungunya. A pessoa infectada apresenta:
- febre baixa;
- olhos vermelhos, mas sem secreção e sem coceira;
- dores nas articulações;
- pontos brancos ou vermelhos na pele;
- dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas.
Os sinais e sintomas podem durar até 7 dias, porém a maior parte dos casos não apresenta sinais e sintomas.
O tratamento é para melhorar os sintomas, baseado no uso de paracetamol para febre e dor, conforme orientação médica. Não está indicado o uso de ácido acetilsalicílico e remédios anti-inflamatórios, devido ao risco aumentado de hemorragias, como ocorre com a dengue. Procure o serviço de saúde mais próximo se apresentar alguns desses sintomas!
Como a gestante deve se proteger?
“Não há uma recomendação do Ministério da Saúde para evitar a gravidez, mas se for uma gravidez programada, talvez não seja o momento ideal”. Esta foi a última nota oficial referente a toda esta situação.
É importante que as gestantes mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo profissional de saúde que faz seu acompanhamento. Há a orientação de não consumirem bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo de drogas, não utilizar medicamentos sem orientação médica e evitar contato com pessoas com febre ou infecções.
É importante também que as gestantes adotem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.
Gestantes podem usar repelentes?
Sim, gestantes devem usar repelente de inseto. Considerando a necessidade de se proteger contra uma doença potencialmente grave, a proteção tem que ser o mais eficiente possível. Assim, os repelentes recomendados para as gestantes são os mesmos recomendados para os adultos, de acordo com a ANVISA.
São três os principais repelentes disponíveis no Brasil: Os a base de Icaridina, DEET e IR3535.
- Icaridina: na concentração de 20 a 25% (Exposis) é o repelente de maior duração na pele, conferindo aproximadamente 10 horas de proteção contra os insetos.
- DEET: é o repelente mais comum e mais fácil de ser encontrado nas farmácias e supermercados (OFF, Autan, Repelex, entre outros). É um repelente muito eficiente, mas sua duração depende da concentração de DEET no produto. No Brasil é fornecido os de 15%, o que confere proteção máxima por 6 horas. Gestantes devem escolher os repelentes com DEET na versão para adultos (15%) com 6 horas de duração e não a versão infantil, que tem apenas 6 a 9% do ativo e duração mais curta (2 horas).
- IR3535: conhecido como Loção Antimosquito Johnson’s, é indicado para crianças de 6 meses a 2 anos. Tem duração muito curta, necessitando de reaplicações a cada 2 horas, o que pode deixar a gestante desprotegida em períodos de longa exposição.
Os repelentes naturais como citronela e andiroba tem rápida evaporação e, portanto, um tempo de proteção muito curto, de 10 a 20 minutos. Assim, não são considerados repelentes seguros para gestantes.
Lembrando que o mosquito da Dengue/ Zika vírus tem hábitos diurnos, então o uso do repelente deve priorizar este período.
Como aplicar o repelente?
O efeito dos repelentes se dá pelo “efeito de nuvem”, ou seja, após a aplicação o repelente evapora e forma uma “nuvem” de aproximadamente 04 cm em volta da pele que repele o inseto. Assim, não é recomendado usar o repelente por baixo das roupas, mas por cima dos tecidos e apenas na pele exposta (braços, colo, pernas, pés).
Pelo mesmo motivo, o repelente é o último produto a ser aplicado na pele. Primeiro usa-se hidratantes, filtros solares, maquiagem, e o repelente sempre por cima de tudo.
Evite aplicar perto de olhos, nariz e boca. Todos os repelentes podem irritar as mucosas, e respeitar o intervalo para reaplicar o produto.
Este é o momento, mais do que nunca, de nos protegermos dos mosquitos. Não deixar água parada, verificar os focos em casa, usar telas, e todas as precauções para evitar a sua proliferação. Lembrando que estamos entrando na época do ano mais propícia, o verão, com muito calor e chuvas, para formação de criadouros de mosquitos. Fiquem atentos, se previnem e se apresentar algum sintoma parecido com os citados aqui, procure uma unidade de saúde.
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