sábado, 21 de fevereiro de 2015

O aborto e suas consequências




Em definição, de acordo com o Ministério da Saúde, considera-se abortamento a interrupção da gravidez até 22 semanas ou, se a idade gestacional for desconhecida, com o produto da concepção pesando menos de 500 gramas ou medindo menos de 16 cm.

Dada a complexidade do assunto e suas várias vertentes, vamos nos ater, aqui, ao aborto provocado. O objetivo não será polemizar ou abrir discussões desnecessárias, mas sim promover uma reflexão sobre o assunto, assim como possibilitar um maior entendimento sobre este problema. E utilizo a palavra “problema” propositalmente, pois realizar um aborto é uma escolha dotada de inúmeras consequências, como veremos a seguir.

“Antes que eu te formasse no ventre, te conheci (...)” Jeremias 1:5

Esta é uma de muitas citações bíblicas sobre o tema concepção e aborto. Com este respaldo, podemos entender que Deus, com todo Seu amor e cuidado por nós, tem um plano para cada um desde a nossa criação e até mesmo antes da concepção. Assim, não querendo neste momento entrar no mérito de discussões sobre feminismo versus machismo, teríamos nós o direito de interferir nos planos de Deus?

Vamos então partir de outro ponto de vista muito requisitado pelos defensores dos direitos das mulheres, no que tange ao direito sobre seu próprio corpo: o feto sendo uma vida, um ser dotado de personalidade e destino próprios; como podemos vê-lo apenas como extensão da mãe? Ele é um ser independente, portanto esta não poderia ter o direito de lhe tirar a vida, assim sendo, este ato conferiria num assassinato.

As justificativas usadas pelo movimento atual a favor da prática legal do aborto - salvo as que já são respaldadas por lei, como situação de estupro ou de risco de morte da mulher - são muitas, como a alta taxa de mortalidade de mulheres que recorreram a locais clandestinos para a prática. De fato esta é uma triste realidade. Muitas mulheres, principalmente adolescentes que mais procuram estes “serviços”, sofrem com sequelas e até mesmo o falecimento. Este discurso usado tem de ser analisado, pois será mesmo que o causador deste desfecho é a não legalização do aborto no Brasil? Posso lhes afirmar que, como profissional de saúde e mulher, o problema vai mais além. Legalizar seria um paliativo de mau gosto, pois o problema é de toda uma estrutura errada dos nossos serviços de saúde e da base familiar existente. Infelizmente a banalização do ato sexual, a desinformação e a desestruturação de todo o sistema fez com que houvesse um colapso na vida sexual e reprodutiva de homens e mulheres, trazendo como consequências o aumento da disseminação das doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez não desejada. Uma política eficaz de planejamento familiar, assim como o aconselhamento sobre o assunto, tanto pela parte familiar como na sociedade, seriam de grande valia para melhorar esta realidade.

Consequências psicológicas

As reações pós-aborto nas mulheres inicia-se, em geral, com um sentimento positivo de alívio, pois estavam sob pressão antes de realizá-lo. Porém, pouco depois, em geral, de acordo com algumas pesquisas, após a primeira semana já se manifestam reações negativas, como o sentimento de culpa, distúrbios psiquiátricos e no sono, muitas vezes com necessidade de uso de medicamentos psicotrópicos prescritos. 

Consequências físicas

As técnicas utilizadas para o abortamento são várias, com possibilidade de consequências desastrosas, e quando falamos do provocado clandestinamente estas são ainda mais graves, com grande risco de morte da mãe. Má higiene, técnicas erradas, risco de infecção, sangramentos, perdas de órgãos reprodutivos, perfurações de útero, entre outros, são alguns dos problemas que podem ocorrer.

Contudo, podemos evidenciar que o ato de abortar vai além de questões culturais e políticas, e que tentar consertar um ato impensado através da morte de um ser inocente não é a melhor opção, visto os danos e as marcas na vida dos seres envolvidos. Opte pela vida.